quarta-feira, 30 de junho de 2010

Apaixonado, sim!

Enfim, assumo: só sei viver apaixonado! Pode ser por um livro, por uma música, por uma personagem, por uma flor, por alguém... É, mas tem que ser dessas paixões que não têm a pretensão de se realizar, das chamadas platônicas, as quais têm sentido e graça apenas por existirem; é quase que uma paixão por tudo e por nada, ao mesmo tempo. É paixão pela paixão! Dessas onde não se corre o risco de ser rejeitado, de ser magoado.  Dessas onde a única dor é a dor de amar... 

sábado, 26 de junho de 2010

Das tristezas da vida (Parte 1)

Sim, realmente faz muito tempo que não atualizo o blog. Por minha culpa, minha tão grande culpa? NÃO, claro que não. A culpa é do sistema, como sempre! (rs) A minha tarefa aqui hoje é falar de coisas ruins, embora eu esteja no pólo POSITIVO da bipolaridade. Como prometido, hoje falarei da minha época obscura, do período que descobri ter um pequeno tumor.

Fevereiro de 2004, quando inicio o meu curso de Técnico em Agropecuária, no Colégio Técnico Agrícola 'José Bonifácio', campus Unesp de Jaboticabal-SP. Lá passei o ano mais cheio de emoções de toda a minha vida! Tudo corria bem, mas comecei a sentir algumas dores no peito, no pescoço, nas pernas, quase no corpo todo rs. Me encaminhei à UNAMOS (posto de saúde da Unesp), fui atendido pelo plantonista e encaminhado à Fernanda, assistente social. Motivo: o médico suspeitou que minhas dores fossem decorrentes de estado depressivo (pois eu era muito ligado à minha mãe e estaria ali sentindo falta excessiva dela). E daí decorreram uma série de tratamentos para depressão, incluindo medicamentos FORTES e terapias. Tudo parecia estar sendo resolvido, com excessão de um detalhe: as dores não sumiam!

No final de abril, já com dois meses de tratamento extensivo, eis que acontece o ápice da história: estava  feliz e contente no estágio quando senti meu corpo amolecer e só acordei deitado na maca, dentro da Unamos. Já com a consciência (?) recuperada, o médico me pediu pra sentar. De longe, ele me observava (e NADA falava!). Eu estava preocupado, pois nunca havia acontecido algo daquela forma, e o médico lá, sem dizer uma só palavra. Depois de alguns minutos (que pra mim pareceram horas), o médico se levanta, vem ao meu encontro e diz: 'Você acredita em espíritos'? Eu, meio sem entender, respondi que sim. E eis que ele conclui: 'Sou médium e acabei de dar uma espécie de passe em você. Descobri que o seu problema está no seu pulmão, onde deve haver alguma manifestação maligna.' Pronto, o caos se instalou dentro de mim! O rosto do Dr. Carlos me dizia, sem ele abrir a boca: 'Perdeu, playboy!' (tá, foi péssima essa, mas era só uma tentativa de descontração rs)

Na quinta-feira, dois dias depois do meu desmaio, fui até a Usp de Ribeirão Preto fazer a tão temida Ressonância Magnética. E como é sufocante, como dói o corpo e a mente. Dá a impressão de que eu estava sendo sugado, de volta, pra um útero tamanho gigante! (rs) O resultado foi claro e conclusivo: tumor cancerígeno na borda inferior do pulmão esquerdo, com aproximadamente 12 centímetros de extensão.

Como diria Maysa: 'Meu mundo caiuuuuuu...' É, desse dia em diante, por mais ou menos uns 6 meses, eu DESISTI de viver. O tratamento era bem agressivo, embora não tivesse sido submetido à quimio e/ou radioterapia. Por eu estar já debilitado, o médico me propôs fazer um tratamento 'revolucionário': aplicação de 5 injeções diretamente no pulmão, uma vez que descobrimos que o tumor NÃO era malígno (UFA!).

E o tratamento seguia, agora com mais sessões de terapia, aconselhamento, remédios e mais remédios. Mas minha vontade de viver não voltava, não mesmo... e, nesse momento, o mais importante pro tratamento era  exatamente a minha força, minha vontade de me curar!

Quando eu já estava sem esperanças, o inesperado acontece... [continua]


Bipolômetro: embora eu tenha sido, nos último minutos, obrigado a reviver alguns fatos tristes, ainda estou no pólo POSITIVO (a minha parte negativa, nesse momento, só está relacionada à saudade de um amigo especial, com quem não falo há uma semana!).

terça-feira, 8 de junho de 2010

Da mestra, com carinho...


Aloha!
É, de vez em quando tenho que dar uma passadinha por aqui pra atualizar as postagens, né?! Tem gente reclamando que demoro muito pra postar (não é, Dan? rs). Enfim, ando muito sem tempo; mas muito MESMO (sem contar que estou meio desestimulado a escrever, mas deve ser por conta da bipolaridade mesmo...).

Hoje trago um texto muito especial, escrito por uma das minhas maiores MESTRAS. Trata-se de Maria Olívia Garcia, uma euclidiana de sangue quente, baixinha e bastante nervosa, predestinada e lutadora. Ela, junto de mais uns 2 ou 3 euclidianos, são os responsáveis pelo meu crescente gosto e paixão por Euclides da Cunha. Ela publica crônicas todas as semanas em um semanário de São José do Rio Pardo, às quais dedico minutos também semanais para leituras atentas. Enfim, tudo que eu disser aqui será pouco diante das preciosidades que ela produz. Lá no fim do post, embaixo do texto, deixarei o link do jornal pra que possa acompanhar as demais publicações dessa pequena-grande-pessoa! 
E vamos ao texto (é grande, mas vale a pena lê-lo inteiro!): 


O amor em poesias e canções

Nesta quarta-feira, dia 26, tive o prazer de fazer uma palestra à turma do INTERIDADES, da UNIP Central e passar com os participantes uma tarde gostosa, falando de um sentimento que hoje anda escasso neste mundo: o amor. Escolhi o tema por estarmos entre o Dia das Mães, que foi há pouco, e o Dia dos Namorados, que já se aproxima.
Mas o amor não é um sentimento restrito a um casal, é amor a tudo: aos filhos, aos parentes, aos amigos – pois o que é a amizade, senão amor? -, à natureza, aos animais, enfim, amor à vida. Sim, pois ele é a pulsão que nos impele a viver, o seu contrário, ou seja, a inveja, a raiva, o ódio, são pulsões de morte, consomem-nos pouco a pouco, minam a saúde de quem os cultiva, até que o corpo físico concretize em doença o mal que corrói o espírito. Voltemos, portanto, a falar do amor, entre versos e melodias que se eternizaram, portanto nunca deixam de ser atuais.
Tudo pode começar quando alguém elege uma pessoa como “deusa” ou “deus” de sua rua, bairro ou cidade, e a fantasia começa a impulsionar a imaginação (ou seria o contrário?); a idéia vai se cristalizando e, em pouco tempo, o sonho ocupou o espaço da realidade... E passa o coração a cantar: “A deusa da minha rua/ tem os olhos onde a lua/ costuma se embriagar...” Nelson Gonçalves criou lindas metáforas em nome do amor, revelando a visão de um coração apaixonado: “Minha rua é sem graça/ mas quando por ela passa/ seu vulto que me seduz/ a ruazinha modesta / é uma paisagem de festa/ é uma cascata de luz.”
Um dia, a moça desconfia... Olhares trocados (estamos ainda nos costumes antigos, observe, leitor), suspiros apaixonados e aquele incêndio no coração que só Camões pode traduzir: “Amor é fogo que arde sem se ver, / é ferida que dói, e não se sente; / é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer...”
Ilógico. Irracional. Absurdo, muitas vezes – eis o amor, misto de paixão, que pega as pessoas de sofreguidão. Tanto esse sentimento tem vida própria que havia, para os antigos pagãos, um deus para o amor: Cupido. Ele era o responsável pelas flechadas fora de hora e em alvo não desejado... Boa desculpa para quem não conseguia explicar a inexistência de lógica no fato de se apaixonar por alguém que contrariasse tudo o que a sociedade esperava.
Tão atual é Camões que o Legião Urbana juntou-lhe os versos às palavras de São Paulo sobre a caridade e conseguiu uma belíssima letra: “Ainda que eu falasse a língua dos homens, / e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria./ É só o amor, é só o amor / que conhece o que é verdade. / O amor é bom, não quqer o mal / Não sente inveja ou se envaidece. O amor é o fogo que arde sem se ver,/ é ferida que dois e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer...”
Enfim, todo apaixonado jura que aquele amor é eterno, como Jobim, que na voz de Caetano fica maravilhoso: “eu sei que vou te amar / por toda a minha vida/ eu vou te amar/ a cada despedida/ eu vou te amar/ desesperadamente/ eu sei que vou te amar... “
Porém Fernando Pessoa, bastante cético em relação ao amor, abraça a teoria psicanalítica de sua época, explicando-nos, em “Eros e Psiquê”, poema em forma de lenda, que o príncipe-herói desvia-se do caminho que trilhava, supera obstáculos para encontrar a amada e, finalmente, “chega onde em sono ela mora”. Ainda meio atordoado, leva a mão à cabeça da moça, que espera-o dormindo, “sonha em morte a sua vida” e, ao erguer-lhe da fronte a hera, “vê que ele mesmo era a princesa que dormia.”  Porque, na verdade, o que se busca no outro é o que gostaríamos de ter em nós.
Terrível é o sentimento que Lupicínio Rodrigues lança na música interpretada por Linda Batista... “Eu gostei tanto/ tanto quando me contaram/ que lhe encontraram/ chorando e bebendo/ na mesa de um bar/ e que quando os amigos do peito/ por mim perguntaram / um soluço cortou sua voz...” Ora, isto não é amor, é egoísmo! Quem ama não deseja ver a pessoa amada sofrer, mesmo que dela tenha recebido somente desprezo. Por isto mesmo o grande poeta lusitano considera “tão contrário a si o próprio amor!”
Verdadeiro amor é o de Drummond: “Eu te amo porque te amo/ não precisas ser amante,/ e nem sempre sabes sê-lo/ [...] amor é estado de graça/ e com amor não se paga.” Amor não é comércio, se fosse, seria simples: eu lhe dou isto, você me dá amor e ficamos ambos felizes... Mas não é assim que acontece! “Amor é dado de graça, / é semeado ao vento,/na cachoeira, no eclipse,/ amor foge a dicionários/ e a regulamentos vários./ Eu te amo porque não amo/ bastante ou demais a mim./ Porque amor não se troca,/ não se conjuga nem se ama./ Porque amor é amor a nada,/ feliz e forte em si mesmo./ Amor é primo da morte,/ e da morte vencedor./ Por mais que o matem (e matam)/ a cada instante de amor.” Não há definição melhor para esse sentimento!
Como disse ao grupo INTERIDADES, totalmente feminino nesta quarta, homens românticos assim só existem na TV, portanto não há mal algum em fechar os olhos e imaginar, por exemplo, que é para nós que Roberto canta: “A mulher que eu amo/ tem tudo que eu quero/ e até mais do que espero / encontrar em alguém/ A mulher que eu amo/ tem um lindo sorriso/ É tudo que eu preciso/ pra minha alegria./ A mulher que eu amo/ tem nos olhos a calma/ ilumina minha alma / é o sol do meu dia./ Tem a luz das estrelas / e a beleza da flor/ ela é minha vida/ ela é o meu amor.”
Anunciam que o “Viagra” feminino vem aí... Inútil. Não há nada que se compare a umas palavras de amor ao pé do ouvido, a um dia que chega ao final cheio de pequenos gestos significativos trocados entre o casal e à ternura expressa em beijos e abraços. O homem pode ser mais racional do que a mulher, porém ela não tem o sexo concentrado em um órgão apenas. O ponto mais importante da mulher é a intuição, que reside, creio eu, no cérebro, e as sensações estão espalhadas pelo corpo todo. É isto que os homens esquecem depois de algum tempo de convivência... 
Amor e ternura ainda são os melhores remédios para qualquer mal da mulher! Está certo Gilberto Gil: “Amor não tem que se acabar”; “A rosa do amor não vai despetalar/ pra quem cuida bem da rosa/ pra quem sabe cultivar...” (Maria Olívia Garcia)





ps: Olívia, sou eternamente fãzaço e grato pelos seus belos exemplos de cidadã consciente e engajada!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ah, as decisões...

Boa tarde, cumade e cumpade! Aceitam uma xícara de chá? 

Faz tempo que não posto nada, dessa vez muito mais em razão de fatos ruins que vêm acontecendo do que pela preguiça tão peculiar a mim. Hoje é feriado nacional de Corpus Christi, uma data bastante religiosa onde milhares de pessoas saem em procissão em nome de Jesus... e eu aqui, estático (não apenas no sentido religioso!). Enfim, não estou animado hoje pra falar sobre qualquer que seja o assunto. Passei só pra postar um texto que encontrei no perfil do orkut do meu amigo Henrique, um dos meus atuais melhores amigos. Esse texto fala um pouco das minhas decisões, todas já tomadas e sendo colocadas em prática, embora não com a intensidade que elas (e eu) mereçam! Pela noite, ou amanhã de dia, volto a postar sobre as coisas que estou devendo: o período que tive tumor no pulmão e os últimos lastimáveis acontecimentos. 

Aí está o texto:

"Decidi ser feliz, mesmo que isso custe rir de mim mesmo.
Decidi que serei bem sucedido, mas isso não quer dizer necessariamente que terei muito dinheiro.
Decidi que irei fazer o que gosto, por que sou eu quem sofrerei, se a escolha for a errada.
Decidi viver minha vida, já que no fim, só se pode contar plenamente com Deus.
Decidi viver em função de meus amigos, e sei que meu melhor amigo é Deus, e Ele apenas deseja que eu seja importante pra mim mesmo.
Decidi amar com tudo que sou, mesmo que o amor só dure uma semana, e com permissão ou não, por que isso não é uma escolha.
Decidi viver o hoje, pois o ontem não existe mais, e o amanhã não existe, nem nunca existiu.
Decidi que deixarei que me amem, mesmo que só minha mãe o faça."  (Henrique Donadei)

Eu já decidi, e você?!

Bipolômetro: triste, estremecido, um pouco enraivecido... COMOVIDO, sobretudo!