segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tutorial sobre o que não é amor (por Thais Cinotti)

Sabe aqueles textos que você lê e diz: putz, tirou as palavras da minha boca? Pois é, esse é um! Thais tem me encantado com suas publicações. Os seus escritos têm uma forma bastante singular, tratando de dramas cotidianos com leveza, profunda sensibilidade e uma boa dose de humor. Além disso ela traz, nesse texto, um lado pouco comentado sobre o amor. Ah, só preciso fazer um comentário: penso que o que Thais fala sobre os homens, no texto, também é válido para as mulheres. Hoje em dia não dá mais para se falar em características exclusivas de determinado gênero sexual. Não é?!

Enfim, me tornei seu fã! 

Eis o texto. Deguste-o! 

Tutorial sobre o que não é amor (por Thais Cinotti)

É lei. Se você chorar, se descabelar, se humilhar, se matar, cortar os pulsos, pedir perdão, ressuscitar em nome dele e jurar amor eterno, minha querida... Não, ele não vai te dar valor. É uma regra universal. Não adianta ficar amiga da mãe dele nem vestir a lingerie que ele quer. Não faz diferença.  Ele só vai te dar valor quando você o merecer. Ou não. Tem homem que é tão burro, mas tão babaca que quando conhece alguém que realmente tem algum valor se assusta. Tem medo.  Porque é mais fácil ser procurado, é mais fácil o esquema ligou-apareceu. É mais fácil não precisar conquistar. Acontece que isso enjoa, tanto ele, quanto você. Enjoa se sentir a idiota em 90% do tempo. E se enganar os outros 10%. Enjoam os eu te adoro, a gente ta bem assim, pra que ficar complicando? Discutir o que? Vem cá, me dá um beijo. E a história é só essa. É uma não-história. Uma perda de tempo. Jogar amor num buraco negro. Desperdício. De tempo, dinheiro, sentimento. De vida. Se arrumar pra alguém que não se importa com você, além daquela noite. E que amanhã pode ser outra. Amanhã, será outra, você sabe. Dar amor ao vento, esperando que ele volte. Isso só funciona com poeira. É a única coisa que volta, no vento. E na sua cara. Assim como é na sua cara, que ele desliga o telefone quando não ta afim e você releva. Releva e até liga de novo. Você sabe que as mensagens de texto de boa noite, são pra todos os contatos, menina. E quando ele te atende e é seco, não é porque ele estava ocupado, nervoso nem com medo de te responder, é porque ele foi seco e ponto. Homens não tem entrelinhas. É preto no branco. Se é amor, é amor. O não dele não é um talvez. O silêncio não é uma possibilidade. A indiferença não é charme. É não, é silêncio, é indiferença. Dói. Mas dói mais fantasiar atitudes de criaturas que não seriam capazes de metade disso. Aí você chora, acha que o problema é você, morre por dentro, por fora, mata alguém, tem colapsos nervosos, sentimentais, hormonais. Até que a ficha cai. Não existe erro, não existe problema, porque não existiu nada. Foi tudo coisa da sua cabeça. Você saiu com ele sete vezes, ele não te deu esperanças de nada, você sabia da vidinha promiscua que ele levava. Ok, ele parecia um amor, te fez cafuné, chamou de amorzinho, abraçou depois do sexo, cantou musiquinhas. Mas e aí? Quem se matou foi você. Quem ouviu a poesia toda, enquanto ele só disse metade de um verso foi você. Quem imaginou nome de filho só porque ele sorriu vendo uma criança na rua, foi você. Foi você quem sonhou com vestido de noiva, cor do abajur da sala e nome do cachorro que vocês teriam. Agora eu te pergunto, quem estava errado, quem viveu ou quem sonhou? Enquanto você estava preocupada demais procurando o príncipe encantado nos olhos de puro tesão dele, ele estava sentindo puro tesão. Enquanto você achava que ele te considerava a mulher dos sonhos por ficar com a mão em sua perna, ele estava com a mão em sua perna. Digo e repito: não tem segredo, não tem meia palavra. É óbvio que existem exceções, mas até mesmo os mais cafajestes dão sinais claros de quem são. Cafajeste que é cafajeste não nega, a gente que é burra e fantasia. Portanto, antes de acabar com sua escova de tanto chorar no chão do banheiro, de se lamentar e sofrer por um homem, relembre com frieza todos os seus momentos com ele e perceba se está chorando por ele e pela sua projeção. Pior do que chorar por um babaca, é chorar por um babaca que nem existe. Chega de desperdício. Discordo do que dizem por aí, que o amor está em falta. Ele está em excesso pelo ar, pela rua, está gritando na garganta do mundo. O problema é a direção. O amor se descontrolou, se perdeu. A vontade de amar ultrapassou o amor. Chega de chamar carência, solidão, tristeza, trauma de infância, amizade colorida, enrolação, comodidade, preguiça de procurar algo melhor, facilidade, dificuldade, atração e esses derivados todos de amor. Vamos fazer um acordo: Antes de entrar no amor, verifique se o mesmo encontra-se parado no mesmo andar.

 (você encontra esse e muitos outros textos no blog da Thais: http://womanizando.blogspot.com - vale a pena visitar!)

2 comentários:

Anônimo disse...

As horas antes de dormir pensando no cara, o tempo perdido pensando que vão namorar , e noivar e casar ...E depois como no texto, o que acontece?...NADA , ou melhor acontece sim , vc se culpa , chora , fica deprimida , achando que nunca vai existir alguém que te ame.Mas a verdade é que você não está se amando direito , e que por causa de tanta carência fez toda essa novela mexicana por causa de um "rolo" . Que texto lindo , é tudo que sinto , é tudo que faço.O problema é conseguir ter controle, enquanto não tenho controle sobre minha carência, e sobre esse meu lado "princesa" em busca de uma homem encantado que me faça feliz para sempre , vou me desgastando nesse sonho adolescente.
P.S: Ameiiiiiiiiii o texto =D

Jessica Freitas disse...

Adorei o blog, já estou seguindo.
Enquanto ao texto o que dizer? é perfeito. A Thais escreve maravilhosamente bem, sempre tenho a sensação de que ela escreve justamente o que estou sentindo.
;)
Bjo

http://jessyfreitas.blogspot.com.br/

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